segunda-feira, 1 de março de 2010
terça-feira, 13 de outubro de 2009
Bailam Corujas e Pirilampos
Enquanto alguns paulistanos desvairados decoravam seus locais de trabalho e – pasmem – seus lares também, com toda aquela parafernália bruxolística, longe de tudo isso, em um sítio perto da represa de Guarapiranga algumas fadas se reuniam para iniciar a 1ª Convenção das Fadas Brasileiras, um movimento puramente anti-Halloween.
Ângelus, cânticos celestiais, perfume de lavanda, cores de arco-íris, fadas, querubins... e seres afins, unamo-nos contra essa festa sacana e tipicamente americana!
Viva as fadas da floresta amazônica, os vaga-lumes, as selvas tropicais, as vitórias-régias encantadas, o folclore nacional!
E nesse ínterim, as fadinhas se preparavam para o evento...
- Esse negócio de Halloween já encheu o s...! ops! Desculpe-me essa linguagem imprópria, mas é que não agüento mais ver bruxas estilizadas, vampiros, fantasmas, esqueletos e morcegos pendurados aqui no escritório!
- Calma Vica! Estamos em pleno mês de Outubro! Isso é normal em todos os escritórios da cidade!
- Você acha normal furar uma abóbora que fica com uma cara de Dona Doida, para enfeitar uma festa? E depois, Arlene, nós precisamos agir depressa, ou no ano que vem, teremos novamente esse conglomerado de esquisitices que nada tem a ver com nossos costumes e tradições! Acho que vou roubar uma abóbora dessas e cozinhar com jabá!
- Não faça isso, Vica! Vamos logo para o local do encontro que no caminho eu faço uma recarga no celular e ligo para todas as outras fadas!
- Caramba Arlene! Vamos ter de ir de trem até bem próximo da represa, pois está um trânsito terrível!
- Em todos os outros países as fadas podem voar! Aqui no Brasil, a gente tem de andar de trem! Que fiasco!
- Não dá para nós pegarmos uma vassoura emprestada, Arlene?
Às vezes eu acho que essa fada pagodeira está se passando para o lado dos aficionados pelo Halloween! Arlene pensou ... e quase deixou escapar!
- Vamos Vica! Hoje é dia 30/10/2003, temos que iniciar o projeto exatamente às 18:00 horas!
Sem vassouras, sem truques e sem morcegos, as fadas brasileiras iniciaram sua Convenção.
Saudações iniciais foram feitas por todas as fadas Celtas, Belgas, Inglesas, Suecas, etc...
Obviamente elas discursaram em inglês... Mas havia legenda...
Saudações das fadas brasileiras:
“Saúdo-vos Fauna e Flora do Brasil, golfinhos, vitórias-régias, ninfeáceas, araras e jabuticabeiras em flor. Acolham nossas saudações e aclamem como o Dia das Fadas todo dia 30 de outubro... Transformem-nos nesse dia em borboletas brancas para que possamos neutralizar os efeitos do Halloween em cada um dos desatinados brasileiros que não sabem nem pronunciar Réloin...”
E assim foi feito... A partir de então, todo dia 30 de outubro um panapaná de borboletas brancas segue voando por todo o Brasil, encantando pessoas e neutralizando nelas aquele olhar vidrado, meio abóbora, meio perdido...
Bailam corujas e pirilampos, entre os sacis e as fadas...
Ângelus, cânticos celestiais, perfume de lavanda, cores de arco-íris, fadas, querubins... e seres afins, unamo-nos contra essa festa sacana e tipicamente americana!
Viva as fadas da floresta amazônica, os vaga-lumes, as selvas tropicais, as vitórias-régias encantadas, o folclore nacional!
E nesse ínterim, as fadinhas se preparavam para o evento...
- Esse negócio de Halloween já encheu o s...! ops! Desculpe-me essa linguagem imprópria, mas é que não agüento mais ver bruxas estilizadas, vampiros, fantasmas, esqueletos e morcegos pendurados aqui no escritório!
- Calma Vica! Estamos em pleno mês de Outubro! Isso é normal em todos os escritórios da cidade!
- Você acha normal furar uma abóbora que fica com uma cara de Dona Doida, para enfeitar uma festa? E depois, Arlene, nós precisamos agir depressa, ou no ano que vem, teremos novamente esse conglomerado de esquisitices que nada tem a ver com nossos costumes e tradições! Acho que vou roubar uma abóbora dessas e cozinhar com jabá!
- Não faça isso, Vica! Vamos logo para o local do encontro que no caminho eu faço uma recarga no celular e ligo para todas as outras fadas!
- Caramba Arlene! Vamos ter de ir de trem até bem próximo da represa, pois está um trânsito terrível!
- Em todos os outros países as fadas podem voar! Aqui no Brasil, a gente tem de andar de trem! Que fiasco!
- Não dá para nós pegarmos uma vassoura emprestada, Arlene?
Às vezes eu acho que essa fada pagodeira está se passando para o lado dos aficionados pelo Halloween! Arlene pensou ... e quase deixou escapar!
- Vamos Vica! Hoje é dia 30/10/2003, temos que iniciar o projeto exatamente às 18:00 horas!
Sem vassouras, sem truques e sem morcegos, as fadas brasileiras iniciaram sua Convenção.
Saudações iniciais foram feitas por todas as fadas Celtas, Belgas, Inglesas, Suecas, etc...
Obviamente elas discursaram em inglês... Mas havia legenda...
Saudações das fadas brasileiras:
“Saúdo-vos Fauna e Flora do Brasil, golfinhos, vitórias-régias, ninfeáceas, araras e jabuticabeiras em flor. Acolham nossas saudações e aclamem como o Dia das Fadas todo dia 30 de outubro... Transformem-nos nesse dia em borboletas brancas para que possamos neutralizar os efeitos do Halloween em cada um dos desatinados brasileiros que não sabem nem pronunciar Réloin...”
E assim foi feito... A partir de então, todo dia 30 de outubro um panapaná de borboletas brancas segue voando por todo o Brasil, encantando pessoas e neutralizando nelas aquele olhar vidrado, meio abóbora, meio perdido...
Bailam corujas e pirilampos, entre os sacis e as fadas...
terça-feira, 6 de outubro de 2009
A sobremesa - Danusa Leão
Posto aqui um texto da Danusa Leão que adorei!!!!
Não há nada que me deixe mais frustrada do que pedir sorvete de sobremesa,contar os minutos até ele chegar e aí ver o garçom colocar na minha frente uma bolinha minúscula do meu sorvete preferido. Uma só.Quanto mais sofisticado o restaurante,menor a porção da sobremesa. Aí a vontade que dá é de passar numa loja de conveniência, comprar um litro de sorvete bem cremoso e saborear em casa com direito a repetir quantasvezes a gente quiser, sem pensar em calorias, boas maneiras ou moderação. O sorvete é só um exemplo do que tem sido nosso cotidiano. A vida anda cheia de meias porções, de prazeres meia-boca, de aventuras pela metade.. A gente sai pra jantar, mas come pouco. Vai à festa de casamento, mas resiste aos bombons.Conquista a chamada liberdade sexual, mas tem que fingir que é difícil(a imensa maioria das mulherescontinua com pavor de ser rotulada de 'fácil'). Adora tomar um banho demorado, mas se contém pra não desperdiçar os recursos do planeta. Quer beijar aquele cara 20 anos mais novo, mas tem medo de fazer papel ridículo.Tem vontade de ficar em casa vendo um DVD, esparramada no sofá, mas se obriga a ir malhar. E por aí vai. Tantos deveres, tanta preocupação em 'acertar', tanto empenho em passar na vida sem pegar recuperação...Aí a vida vai ficando sem tempero,politicamente correta e existencialmente sem-graça, enquanto a gente vai ficando melancolicamente sem tesão...Às vezes dá vontade de fazer tudo 'errado'. Deixar de lado a régua,o compasso, a bússola, a balançae os 10 mandamentos. Ser ridícula, inadequada, incoerentee não estar nem aí pro que dizem e o que pensam a nosso respeito. Recusar prazeres incompletos e meias porções. Até Santo Agostinho, que foi santo, uma vez se rebeloue disse uma frase mais ou menos assim: 'Deus, dai-me continência e castidade, mas não agora'....Nós, que não aspiramos à santidade e estamos aqui de passagem, podemos (devemos?) desejar várias bolas de sorvete, bombons de muitos sabores, vários beijos bem dados, a água batendo sem pressa no corpo, o coração saciado. Um dia a gente cria juízo. Um dia. Não tem que ser agora. Por isso, garçom, por favor, me traga: cinco bolas de sorvete de chocolate, um sofá pra eu ver 10 episódios do 'Law and Order', uma caixa de trufas bem maciase o Richard Gere, nu, embrulhado pra presente. OK? Não necessariamente nessa ordem. Depois a gente vê como é que faz pra consertar o estrago . . .
Não há nada que me deixe mais frustrada do que pedir sorvete de sobremesa,contar os minutos até ele chegar e aí ver o garçom colocar na minha frente uma bolinha minúscula do meu sorvete preferido. Uma só.Quanto mais sofisticado o restaurante,menor a porção da sobremesa. Aí a vontade que dá é de passar numa loja de conveniência, comprar um litro de sorvete bem cremoso e saborear em casa com direito a repetir quantasvezes a gente quiser, sem pensar em calorias, boas maneiras ou moderação. O sorvete é só um exemplo do que tem sido nosso cotidiano. A vida anda cheia de meias porções, de prazeres meia-boca, de aventuras pela metade.. A gente sai pra jantar, mas come pouco. Vai à festa de casamento, mas resiste aos bombons.Conquista a chamada liberdade sexual, mas tem que fingir que é difícil(a imensa maioria das mulherescontinua com pavor de ser rotulada de 'fácil'). Adora tomar um banho demorado, mas se contém pra não desperdiçar os recursos do planeta. Quer beijar aquele cara 20 anos mais novo, mas tem medo de fazer papel ridículo.Tem vontade de ficar em casa vendo um DVD, esparramada no sofá, mas se obriga a ir malhar. E por aí vai. Tantos deveres, tanta preocupação em 'acertar', tanto empenho em passar na vida sem pegar recuperação...Aí a vida vai ficando sem tempero,politicamente correta e existencialmente sem-graça, enquanto a gente vai ficando melancolicamente sem tesão...Às vezes dá vontade de fazer tudo 'errado'. Deixar de lado a régua,o compasso, a bússola, a balançae os 10 mandamentos. Ser ridícula, inadequada, incoerentee não estar nem aí pro que dizem e o que pensam a nosso respeito. Recusar prazeres incompletos e meias porções. Até Santo Agostinho, que foi santo, uma vez se rebeloue disse uma frase mais ou menos assim: 'Deus, dai-me continência e castidade, mas não agora'....Nós, que não aspiramos à santidade e estamos aqui de passagem, podemos (devemos?) desejar várias bolas de sorvete, bombons de muitos sabores, vários beijos bem dados, a água batendo sem pressa no corpo, o coração saciado. Um dia a gente cria juízo. Um dia. Não tem que ser agora. Por isso, garçom, por favor, me traga: cinco bolas de sorvete de chocolate, um sofá pra eu ver 10 episódios do 'Law and Order', uma caixa de trufas bem maciase o Richard Gere, nu, embrulhado pra presente. OK? Não necessariamente nessa ordem. Depois a gente vê como é que faz pra consertar o estrago . . .
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
Que rainha ou serva sou eu?
Hormônios à parte, sou um caleidoscópio.
Há dias em que sou noturna e há noites em que o sol doura meus poros.
Sou corda de violino, estirada e melódica, emitindo os sons das águias que tenho na garganta.
No peito arde um Febo chamejante. Nos olhos uma plantação inteira de buritis. O vento me fascina ao inclinar essas palmeiras.
Há noites em que a lua me transfigura, procuro por botos e sereias, que perambulam nesse compartimento sem paredes de minhas memórias.
Bebo o som de um saxofone que atravessa as ondas e vai batendo nas pedras, acordando as conchinhas e os moluscos.
A madrugada me embala enquanto os rochedos são umedecidos.
Acordo em cascatas, lentamente, descendo dos lençóis que me cobrem pela metade.
Prefiro o algodão ao cetim.
Sou um pouco esfinge, de acordo com a lua e as marés.
Decifra-me, mas te devoro de qualquer forma, sempre em taças de água doce.
Hormônios à parte, sou um caleidoscópio.
Há dias em que sou noturna e há noites em que o sol doura meus poros.
Sou corda de violino, estirada e melódica, emitindo os sons das águias que tenho na garganta.
No peito arde um Febo chamejante. Nos olhos uma plantação inteira de buritis. O vento me fascina ao inclinar essas palmeiras.
Há noites em que a lua me transfigura, procuro por botos e sereias, que perambulam nesse compartimento sem paredes de minhas memórias.
Bebo o som de um saxofone que atravessa as ondas e vai batendo nas pedras, acordando as conchinhas e os moluscos.
A madrugada me embala enquanto os rochedos são umedecidos.
Acordo em cascatas, lentamente, descendo dos lençóis que me cobrem pela metade.
Prefiro o algodão ao cetim.
Sou um pouco esfinge, de acordo com a lua e as marés.
Decifra-me, mas te devoro de qualquer forma, sempre em taças de água doce.
Assinar:
Postagens (Atom)